terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Somente no Sim a Deus, somos completamente livres#1

 

Queridos irmãos e irmãs,
Hoje gostaria de falar sobre a oração de Jesus no Getsêmani, no Horto das Oliveiras. O cenário da narração evangélica desta oração é particularmente significativo. Jesus parte para o Monte das Oliveiras, depois da Última Ceia, enquanto reza com os seus discípulos. Narra o Evangelista Marcos: “E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras”(Marcos 14,26). Faz alusão provavelmente ao canto de alguns Salmos do Hallel com os quais se agradece a Deus pela libertação do povo da escravidão e se pede ajuda para as dificuldades e ameaças sempre novas do presente. O percurso até o Getsêmani é composto por expressões de Jesus que torna iminente seu destino de morte e anunciam a impendente dispersão dos discípulos.
Chegando ao Monte das Oliveiras, também naquela noite Jesus se preparaem oração. Masdesta vez acontece algo novo: Ele parece não querer ficar só. Muitas vezes Jesus se retirava à parte da multidão e dos próprios discípulos, se resguardando “em lugares desertos” (cfr Marcos 1,35) ou subindo “no Monte”, diz São Marcos (cfr Marcos 6,46). No Getsêmani, ao invés, Eli convida Pedro, Tiago e João para ficarem próximos. São os mesmos discípulos chamados para estarem com Ele no Monte da Transfiguração (cfr Marcos 9,2-13). Esta proximidade entre os três durante a oração no Getsêmani é significativa. Também naquela note Jesus rezará ao Pai “sozinho”, porque o seu relacionamento com Ele é totalmente único e singular: é o relacionamento do Filho Unigênito. Dir-se-ia, sobretudo naquela noite que ninguém poderia aproximar-se do Filho, que se apresenta ao Pai na sua identidade absolutamente única, exclusiva. Jesus, porém, mesmo chegando “sozinho” no ponto onde irá rezar, quer que pelo menos os três discípulos permaneçam não muito longe, em uma relação mais estreita com Ele. Trata-se de uma aproximação espacial, um pedido de solidariedade no momento no qual se sente aproximar-se da morte, mas é sobretudo uma proximidade na oração, para exprimir, de algum modo, a sintonia com Ele, no momento em que se aproxima o cumprimento até o fim da vontade do Pai e é um convite para que cada discípulo  o siga no caminho da Cruz. O Evangelista Marco narra: “Levou consigo Pedro, Tiago e João e começou a sentir medo e angústia. Disse a eles: “A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e vigiai”(14,33-34).
Na Palavra que se dirige aos três, Jesus, mais uma vez, se exprime com a linguagem dos Salmos: “A minha alma está profundamente triste”, uma expressão do Salmo 43 (cfr Sal 43,5). A dura determinação “até a morte”, depois, recorda uma situação vivida por muitos enviados de Deus no Antigo Testamento, a qual é expressa na oração deles. Não raramente, de fato, seguir a missão que lhes é confiada significa encontrar hostilidade, rejeição, perseguição. Moisés sente de maneira dramática a prova que sofre enquanto guia seu povo no deserto, e diz a Deus: “Eu só não posso levar a todo este povo, porque muito pesado é para mim. E se assim fazes comigo, mata-me, peço-te, se tenho achado graça aos teus olhos”(Números11,14-15). Também para o profeta Elias não é fácil levar adiante o serviço a Deus e ao seu povo. No Primeiro Livro dos reis se narra: “Ele, porém, foi ao deserto, caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó SENHOR; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais”. (19,4)
As palavras de Jesus aos três discípulos que os quer próximos durante a oração no Getsêmani, revelam como Ele experimenta o medo e angustia naquela “hora”, experimenta a última profunda solidão enquanto o designo de Deus se está realizando. E em tal medo e angústia de Jesus se recapitula todo o horror do homem diante da própria morte, a certeza de sua inexorabilidade e a percepção do peso do mal que perpassa a nossa vida.
Depois do convite para permanecer e vigiar em oração dirigido aos três, Jesus “sozinho” se dirige ao Pai. O Evangelista Marco narra que Ele “tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora”(14,35). Jesus prostrou-se em terra: é uma posição de oração que exprime a obediência à vontade do Pai, o abandonar-se com plena confiança nEle.
É um gesto que se repete no inicio da Celebração da Paixão, na Sexta-feira Santa, como também na profissão monástica e nas Ordenações diaconais, presbiteriais e episcopais, para exprimir, na oração, também corporalmente, o confiar-se completamente a Deus, o confiar nEle. Depois Jesus pede ao Pai que, se possível, passasse daquela hora. Não é apenas o medo e a angústia do homem diante da morte, mas o envolvimento do Filho de Deus que vê a terrível massa de mal que deverá assumir sobre Si para superar-lo, para privá-lo de poder.
(Continua)
FONTE:RCC

0 comentários:

Postar um comentário

 

parçeiros:

http://jovembuscandojesus.blogspot.com/

site informa:

Diretório de Blogs

Ordem De Batalha Copyright © 2009 Community is Designed by Bie Converted To Community Galleria by Cool Tricks N Tips